domingo, 26 de dezembro de 2010

O Cavaleiro silencioso

Porque luta até o último folego por aquilo em que acredita e quer. Por aquele que sabe ser. Porque descobriu que só ele o sabia, quando já só faltavam tombar muito poucos dos muitos. Porque foi traído no final da batalha que, afinal sozinho, pelejava. Deixou-se cair de joelhos. Infâmia. A trespassante dor de não valer a pena. Deu o pescoço ao gume da espada que se baixava sobre ele. Não esboçou qualquer movimento de resistência ou para sequer se esquivar. Morro aqui. Aqui, já não mais vale a pena. Renasceu ali mesmo. Ainda a cabeça não tinha tocado a terra ensopada pelo sangue dos que tinha antes feito tombar. Levantou-se noutra terra. Com outra espada. Outras cores. Olhou o sol. Olhou em volta. Tudo era diferente. Mas tão familiar. Era ele. Mais uma vez era ele. E tudo pareceu valer a pena ali. Reparou na sua espada que era diferente da outra - a outra, da outra luta. E como o seu cavalo era castanho agora. E como eram azuis os seus olhos agora. E o cabelo preto, em vez do outro de cor de terra de Siena queimada. E como vale a pena. E como voltei a dormir pleno e tranquilo como antes já não era. As cicatrizes todavia, estavam lá todas. Tinha uma grande que lhe dava a volta ao pescoço. Sentiu-a com um leve passar com o indicador e lembrou-se.

2 comentários:

  1. Caro Nuno,
    A Vida é um conjunto de ciclos. Tudo tem um início e tudo tem um fim. Contudo, mesmo depois do fim, existe algo que permanece para sempre, algo que perdura para lá das Palavras e dos Gestos que se praticam. ...O(s) Sentir(es) genuíno(s),nunca terá(ão) fim pois extravasa(m) para além de nós mesmos! É esse o poder do Renascer!

    ; )*
    X@u

    ResponderEliminar
  2. :)

    A *Pérola* ADORA cicatrizes. No mínimo(!), por isto:
    http://perolasde.blogspot.com/2010/04/pc.html

    Força nisso.

    BeijOooOoOO

    ResponderEliminar