quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Cegueira do medo de amar



Era o que ele queria
Sempre aquele brilho
Sempre aquelas cores
Aquela sensação de não vazio
Todo aquele amor

Cuidou-a
Porque nao poderia fazer o contrário

Ela, com o tempo, animou-se
Animou-o
E com seu brilho mais brilhante,
Fê-lo sentir que merecia
E sorrir

Ao sair, ela sentiu-se só
Um espírito errante

Mas mesmo com esperança no reencontro
Com a vontade do brilho
Com saudades das cores
Ele esperava o afronto

O afronto dos belos pavões
Que com sua cauda em leque
Lhe querem comer os pulmões

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Le chef



Apressou-se nos últimos temperos sem falsear a receita. Estava pronto o jantar. O aroma era celestial. Pronto a servir àqueles que nada tinham. Fazia-o por gosto. Não gostava menos, mas doia-lhe, quando os via atirar a comida para o chão. Depois do seu dia, ía fazer o dia deles. E eles, estavam-se nas tintas. MAs ele não. Ele estava ali sempre com a mesma vontade. Dar. E eles? Eles cospem-lhe o carinho sem se aperceberem que é dele que vivem. Estão mais confortáveis nas sobras dos caixotes. Até porque os caixotes não pedem quaisquer compromissos.