quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Continuando...


Sentiu a grande cicatriz que lhe dava a volta ao pescoço com um leve passar com o indicador e lembrou-se.
Levantou-se nessa outra terra. Com essa outra espada. com essas outras cores. Olhou o sol. Olhou em volta. Era mesmo ele. Levantou a sua espada que era diferente da outra olhando para o punho, em frente aos seus olhos. Era mesmo diferente da outra da outra luta. Olhou o seu cavalo castanho agora pelo canto do olho agora azul.
Vale a pena. As cicatrizes... sim. Estavam lá todas.
Guardou a espada na baínha com um gesto rápido e saltou de uma vez para a sela do cavalo e atiçou-o com um toque vigoroso das esporas. O corcel soltou um relincho, levantou as patas da frente e lançou-se num galope desenfreado.
O cavaleiro sorria enquanto o vento lhe passava pela cara.
Que vontade nova.
"Só temos uma vida!" - pensou...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Começou a queda. Greed...


Nem mais. Começa a definhar o Capitalismo. Começa a Democracia a ser desmascarada, pois não é verdadeira. Começa a ser impossível esconder a verdade. Chuparam-nos até o osso e agora não podemos dar mais. E eles não podem parar. Parar é morrer. E faltam-lhes já argumentos e desculpas e motivos.
Guerras para segurar o sistema, especulação nos preços do petróleo e até os desastres naturais têm sido escassos para justificar a recessão. O povo. Nós, estamos esgotados. Somos uva que foi espremida até a última gota. Não temos mais para dar. Todo o produto do nosso trabalho vai para subsistirmos. E o resto, os bancos comem. Pelos cartões de crédito, débitos directos, comissões, taxas, prestações, seguros disto e daquilo, etc, etc, etc.
Eles que não se queixem. Que aprendam em vez de arrancarem os cabelos. Que admitam que estiveram errados. Que inflacionaram tudo o que puderam para terem cada vez mais lucro. Agora, são os donos de tudo. Só que nós, o resto, não temos capacidade para comprar nada. Estamos a sobreviver. Estamos a lutar pelas migalhas que nos sustentam. E querem eles que nós compremos, que invistamos, que confiemos, que entreguemos. Para mim meus amigos, estou-me, sinceramente marimbando para esses senhores. O meu prejuízo está nas mãos deles. Se me tirarem a casa que lhes estou a pagar há 12 anos da qual ainda estou a pagar juros, vão me tirar uma coisa que nunca tive. Por isso. Bom proveito. Se calhar é melhor assim até. Que fiquem com mais uma casa para juntar aos outros tantos milhares que já lá têm e que foram em grande parte a causa desta queda. Tenho onde morar. Já o mesmo não podem dizer, outros tantos milhares de pessoas. E essas, tenho a certeza que não se vão marimbar. Os senhores políticos do mundo, que juraram defender os direitos, ansiedades, sonhos, as nossas vidas vão ter que mudar.
Este modelo económico morreu. Expirou o prazo de validade. A Democracia (que não o é realmente) também. E agora? Fica nas mãos desses senhores. Como vai ser? Vai ser a bem ou vai ser a mal? Uma coisa é certa. Vai ter que ser.

As vacas não vão para o céu



Recebi uma prenda de Natal fantástica. Desrespeito, desconsideração, garotice, acompanhados de falta de carácter. E estou aqui, sem uma palavra sequer. Mas estou aqui. Onde me querem. Superiores. Como pode um ser, ser superior com atitudes assim... As acções ficam com quem as pratica. A estes seres desejo as continuações dum bom Natal e uma boa entrada no ano novo. Que morram devagar e penosamente e sós quando chegar a sua hora. E que ardam em lume brando nos caldeirões do inferno para toda a eternidade. Ámen!
P.S. As vacas não vão para o céu.

domingo, 26 de dezembro de 2010

O Cavaleiro silencioso

Porque luta até o último folego por aquilo em que acredita e quer. Por aquele que sabe ser. Porque descobriu que só ele o sabia, quando já só faltavam tombar muito poucos dos muitos. Porque foi traído no final da batalha que, afinal sozinho, pelejava. Deixou-se cair de joelhos. Infâmia. A trespassante dor de não valer a pena. Deu o pescoço ao gume da espada que se baixava sobre ele. Não esboçou qualquer movimento de resistência ou para sequer se esquivar. Morro aqui. Aqui, já não mais vale a pena. Renasceu ali mesmo. Ainda a cabeça não tinha tocado a terra ensopada pelo sangue dos que tinha antes feito tombar. Levantou-se noutra terra. Com outra espada. Outras cores. Olhou o sol. Olhou em volta. Tudo era diferente. Mas tão familiar. Era ele. Mais uma vez era ele. E tudo pareceu valer a pena ali. Reparou na sua espada que era diferente da outra - a outra, da outra luta. E como o seu cavalo era castanho agora. E como eram azuis os seus olhos agora. E o cabelo preto, em vez do outro de cor de terra de Siena queimada. E como vale a pena. E como voltei a dormir pleno e tranquilo como antes já não era. As cicatrizes todavia, estavam lá todas. Tinha uma grande que lhe dava a volta ao pescoço. Sentiu-a com um leve passar com o indicador e lembrou-se.

sábado, 4 de dezembro de 2010

A Vida de um grito

O meu primeiro momento é teu.
Logo sorrio.
Logo me levanto.
Logo vou.
De sorriso nos olhos.
De sorriso por dentro.
Sorrir ao mundo.
Impregná-lo com esse teu poder.
Porque me sai pelos poros.
Porque me entra no sangue.
E faz-me gritar pela descoberta.
Grito meu, com todo o meu peito.
Mas com tanto de ti.

Nuno Drummond