segunda-feira, 20 de julho de 2009

Anormal

Não é normal os pais estarem longe dos filhos durante quase todo o dia, durante quase todo o ano desde bem cedo.
Não é normal as pessoas não terem princípios nem moral.
Não é normal os jovens sairem até as tantas da manhã e “beberem uns copos e fumarem umas ganzas”.
Não é normal os jovens viverem com os pais até quase aos 40 anos.
Não é normal ser constituído arguido num processo como dizia hoje João Nabeiro.
Não é normal o ensino ser tão permissivo.
Não é normal alguém ser presidente de seja lá o que for há mais de 30 anos.
Não é normal conduzir sem carta ou com “uns copos a mais”. Ou as duas coisas. Ou três.
Não é normal abortar.
Não é normal divorciar-se após um ano de casamento.
Não é normal esperar meses por uma operação.
Não é normal aumentar tudo menos os ordenados.
Não é normal ficar a dever dinheiro seja lá a quem for.
Não é normal os políticos serem corruptos.
Não é normal agredir alguém.
Não é normal ter medo de falar e de pensar e de confrontar.
Não é normal abandonarem-se os idosos.
Não é normal o desprezo pela vida humana.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

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Egoist

















Queixo-me do Sol e da chuva,
Do dia e da noite,
Do Verão e do inverno
E ainda que me afoite,
Mesmo com cuidado a cada curva,
Com tudo o que tenho não me governo.

Sofro de muita vontade feita gula
Alimenta-a a minha inveja,
Meu voraz apetite, por tudo o que nem sei se quero.
Mais teimoso que a mais teimosa das mulas
Sofro ânsias até pelo que não vejo
E meu espelho mostra-me sempre o mais belo.

Vivo para tudo comer
Acordo a tudo desejar
Desde que alguém o tenha
Começa-me a apetecer
E trato logo de o arranjar
Usando seja qual for a manha.

Ouvi falar em felicidade.
Já me falaram em alegria.
Fala-se por aí em confiar.
Quero tudo isto misturado num grande balde.
E já agora, também gostaria
Daquilo que tu mais gostas para empurrar.

Quero tudo o que tens.
Só porque é teu.
Porque nem sei se o tenho.
Mesmo o que porventura te aborreceu.
Para mim, é tudo ganho.
Tem que ser é tudo meu.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sou de cá

Palavras finais de "Beleza Americana". Reflexão do protagonista (Kevin Spacey):
“... há tanta beleza no mundo. Às vezes sinto que estou vendo tudo de uma só vez, e é muito, demais, meu coração enche-se como um balão prestes a rebentar... E então lembro -me de relaxar e parar de tentar segurar isto tudo. E então, a coisa flui através de mim como chuva e não posso deixar de sentir nada além de gratidão por cada momento de minha pequena e estúpida vida... “

Gostaria de ficar com a minha família e as pessoas que me são queridas para sempre mas, certamente, irei deixa-los. Gostaria de manter a minha bela casa para sempre, mas certamente irei deixa-la para trás. Gostaria de desfrutar de felicidade, riqueza e conforto para sempre, mas certamente perderei isso. Gostaria de manter esta excelente vida humana com suas liberdades para sempre, mas certamente morrerei. Gostaria de conhecer e reconhecer todos os recantos do nosso planeta mas, com certeza, não o conseguirei. Gostaria de estar com os meus queridos amigos para sempre, mas certamente iremos nos separar. Por isso, de que adianta esta luta contra as pessoas e contra a natureza?
Uma perda de tempo. Uma descarga inútil e inconsequente de energia. Sou parte dela e a minha passagem por cá, faz dela parte. Sou parte da natureza. Sou seu filho. De que me adianta querer controlar? Se é que existe algum controlo. Aprendi com o tempo e com a experiência (a minha) que tenho um papel a cumprir como parte da natureza. Como parte da fauna deste planeta. É a esse papel que me dedico mais. Cuidar da minha cria. Ajudar a minha “manada”. A que me aceitou e protegeu. A que me ensinou a subsistir assim. Com os outros. Em paz natural. E por aqui, poderia divagar horas e horas e linhas e linhas de texto mas deixo esta reflexão para outros posts.
Resta-me agradecer portanto aos chatos, que me fazem crescer e melhorar a capacidade de ter paciência. Aos violentos que me fazem querer com que cresça o meu espírito pacífico. Aos intolerantes porque fazem crescer em mim a tolerância. Aos que fazem o mal, pois aumentam em mim o querer fazer o bem. Aos inconsequentes, pois fazem-me reflectir. Aos bajuladores, que me fazem querer resistir. Aos conformistas que me fazem querer contrariar. E finalmente aos louros que me fazem querer ser moreno.